Numa manhã fria, o bip de uma mensagem de texto me alarmou. Foi a de um amigo em comum: “Murtin está morto”. Foi assim que soube que você partiu, sem poder me despedir, sem ter tido tempo de me preparar para uma separação que dilacera e fere de dor a alma. Isso sempre acontece quando você perde um amigo.

A amizade não se perde: é um espírito que não se apaga, que permanece como enriquecimento, que se instala no fundo e nos consola, que vive nas memórias e nas emoções. O Amigo está perdido, momentaneamente como todos os entes queridos que reencontrarei na minha vez, mas o momentâneo ainda durará toda a minha vida terrena, mesmo que fosse apenas um dia, seria uma quantidade enorme de tempo.

Você me animou, me enriqueceu com a tua amizade e isso fez muita diferença. Acredito, tenho certeza, que tem sido assim com todas as pessoas que tiveram esse privilégio de conhecer você, assim como eu. E há muitos de nós hoje que estamos consternados e sinceramente entristecidos. A sua amizade foi feita de entusiasmo generoso, de grande e desinteressada disponibilidade, de partilha apaixonada, de seriedade, de carinho sincero e sem frescuras desnecessárias. Em suma, foi Amizade. Foi assim que a vivi e sera assim que vou mantê-la comigo. Nas horas que virão com o amanhã e os próximos dias desta vida contarei aos que encontrar sobre nossos velhos amigos coisas que talvez tenham esquecido no amontoado de lembranças de uma vida inteira e me contarão coisas que talvez façam não me ocorre agora. É assim que celebramos um Amigo, sem retórica, sem bandeiras efêmeras, com a alegria e a alegria que essas lembranças contam porque descrevem uma pessoa como você, Querido Murtin, uma pessoa querida, meiga, alegre, sincera, generosa, positiva.

Aqui estão algumas das muitas coisas que fazem de você um amigo inesquecível. Por isso já existe o vazio da tua presença física mas não existe, nunca existirá um vazio no fundo dos sentimentos que nem sequer temem a morte.

Um dia você me disse que seríamos amigos para sempre, que nunca me abandonaria e que me protegeria: que enfim você estaria ali independente de tudo e de todos e que com você eu não teria que temer nada. Uma conversa de buteco, pensei eu, mas depois te conheci melhor e entendi que essa era a sua natureza e que suas promessas e garantias não tinham duplo fim.

Um amigo como você nunca é esquecido: um amigo como você é lembrado todos os dias, a qualquer hora, porque são pessoas como você que tornam a amizade bonita, que fazem as pessoas que amam se sentirem especiais, que valorizam até mesmo uma única hora que passamos juntos. Resumindo, um amigo como você é para sempre. Sempre finalizei meus textos mal escritos e pretenciosos com uma frase do Raul da qual eu gosto muito: “Jamais cometa a loucura de ser um sujeito normal”, meu amigo essa loucura você nunca cometeu.

Que Deus abençoe e acolha como você merece, como Ele quis que você merecesse, fazendo-os passar pela difícil aventura do sofrimento, que é sempre a antecâmara da felicidade para os justos como você.

Ciao!